7.306 dias de um projeto chamado Tom
por Adriana Machado, diretora de Inspiração da Tom
Há 20 anos, em 21 de março de 2001, abrimos formalmente a agência. Foi a primeira startup a fazer um acordo operacional com uma empresa do Grupo WPP (a JWT, ou Thompson, como era conhecida naquele momento).
O acordo propriamente dito levaria mais dois meses para ser assinado, mas sermos levados a sério por um dos maiores grupos de comunicação do planeta (era o mundo pré Google e Facebook) nos influenciaria de forma duradoura. Em especial, nos deu a consciência de que o que iríamos nos tornar dependeria, em grande medida, daquilo que desejávamos ser, defender e fazer. Esse reflexo de se pensar semente que crescerá a partir do que se é. Não é à toa que o poema de Leminski é nosso mantra: “isso de querer/ ser exatamente aquilo/que a gente é/ainda vai/nos levar além”.
Pensar em quem a gente é, exatamente, é um dos exercícios mais difíceis, instigantes e úteis que se pode fazer ao longo ao tempo. Porque ele nos obriga a identificar com clareza e precisão o que precisamos mudar e o que devemos manter.
Nascemos de um jeito bem diferente do que era a praxe naquele começo de século: abrimos a agência com seis pessoas, sendo quatro sócios, cinco contas (aluguel, IPTU, água, luz e telefone) e nenhum cliente. Mas tínhamos uma visão clara e documentada: ideias diferentes, resultados surpreendentes.
Sabíamos muito bem que tipo de comunicação queríamos fazer: a que funciona. E para fazer isso, precisávamos construir uma agência integrada e com um ambiente favorável à geração irrestrita de ideias.
Integrada não a partir das ferramentas (a integração de todas as disciplinas de comunicação — propaganda, promoção, marketing direto — era o discurso padrão da época), mas a partir da compreensão do problema de comunicação que se pretendia resolver. E que integrasse coisas que andavam muito separadas: ciência e arte, conceituação precisa e execução caprichada, equipe da agência e os múltiplos níveis decisórios do cliente, estratégia de campanha com estratégia de negócio do cliente.
Por isso tínhamos tanto foco na junção entre o planejamento e a criação, que desde o primeiro dia da agência trabalham dividindo o mesmo espaço físico. Por isso fazíamos o job chegar para todas as áreas da agência simultaneamente, fazendo com que todo mundo pudesse contribuir com ideias para a campanha sem precisar obedecer a uma fila indiana.
E então, eles vieram. Os clientes, os jobs, as campanhas. Lançamos a Oi no mercado mineiro (fomos a única agência fora do Grupo Propeg a atender uma conta da operadora). Assumimos a conta publicitária do Banco BMG e lançamos o empréstimo consignado para aposentados do INSS. Conquistamos importantes contas em concorrências públicas.
Para capacitar a equipe de Planejamento, criamos o Grupo Tom de Estudos. Mas, rapidamente, ele passou a ser frequentado por outros profissionais da agência e do cliente. Da primeira edição em 2004 até hoje, já fizemos 250 edições. Já discutimos uma variedade imensa de assuntos, dos mais ligados à estratégia e comunicação até o delicioso “Arquitetura e as palavras” com o arquiteto e amigo genial Gustavo Penna.
Esse acompanhar de perto o comportamento dos consumidores e do mercado nos fez fazer, em 2011, uma fusão e subsequente aquisição de uma das agências digitais pioneiras no mercado mineiro e nacional. Pensar e criar para além do on e off-line é parte do nosso dia a dia há 10 anos.
Estar dentro de um dos setores mais dinâmicos da economia e epicentro das inovações também nos motiva (na verdade, nos obriga) a mudar muito também. Redesenhamos e renomeamos áreas da agência. Não temos uma área de Mídia, mas de Interação e Performance. Nosso time de tecnologia é orientado e abrigado sob o guarda-chuva do Design e Tecnologia. Não temos uma área de Operações, mas uma Gestão de Integração.
E mais novidades estão chegando junto com os nossos 20 anos: mudamos de Planejamento para uma área de Estratégia e Behavior Data, que chega com nova gestora e responsável pela área.
Aliás, esse negócio de gestão a gente leva a sério desde sempre (lembra do acordo com a JWT, né?). Além da implementação de vários sistemas e processos, fomos a primeira agência de Minas a adotar um Programa de Compliance especialmente desenvolvido (com apoio da FDC e do Gonçalves Arruda Advogados) para as necessidades de uma agência de publicidade, incluindo o lançamento e divulgação do nosso Código de Conduta e canal de ouvidoria. E temos formatos comerciais customizados para as necessidades dos nossos clientes e ajustados aos novos desafios do relacionamento entre agência e cliente.
E porque a pandemia acelerou todas as mudanças já em curso no mundo, também já assumimos o formato híbrido de trabalho, com rotinas e cerimônias que incluem profissionais trabalhando remotamente ou na nossa casa nova: um coworking que abriga nossa estrutura física personalizada e nos oferece uma estrutura variável muito maior do que a que tínhamos.
Assim, com 1.043 semanas de vida, olhamos para os próximos dias, meses e anos com a mesma vontade de ir além do conhecido, do previsível, que integra corações e mentes na busca de ações que gerem os melhores resultados. Para os clientes e para a empresa — incluindo cada pessoa de nosso time.