Fim dos Likes
Por Ingrid Sybele, planejadora
No mês passado, o Instagram começou a testar o fim dos likes. Mas o que isso significa de fato para o trabalho nas redes sociais?
Um vício chamado likes.
Para começar, vamos entender como funcionava a rede com os likes.
Likes, assim como o número de seguidores, são considerados hoje métricas de vaidade. São dados que, por si só, não trazem valor real ao negócio ao serem analisados. Não que esse número não deva ser levado em consideração para a saúde das redes, mas ele deve ser lido de forma bem crítica. Pensando assim, os likes podem apontar tendências para quais tipos de conteúdo as pessoas curtem, como uma frase, uma ilustração ou um GIF, do que efetivamente uma resposta para tomada de decisões de negócio.
Entretanto, o maior problema não é a métrica em si, é a importância que as pessoas começaram a dar a ela. Dentro das redes sociais, principalmente no Instagram, métricas como número de seguidores e likes tendem a se tornar o objetivo de tudo que é postado ou feito.
A importância que as pessoas atribuem aos likes é tanta que vale tudo para conseguir curtidas. Desde o uso de ferramentas pagas que aumentam os likes até a construção de uma vida falsa, cheia de filtros, correções de imperfeições e baseada em aluguel de carros de luxo e jatos que nunca saíram do chão para criar uma vida virtual.
Mas o que essas pessoas estavam perdendo até então?
Elas estavam dando foco a curtidas vazias, diminuindo a importância de outros aspectos como lembrança de marca e engajamento.
E o que é esse engajamento?
Basicamente, engajar é fazer as pessoas participarem. É criar um conteúdo que entretém e informa, gerando afinidade com um determinado público. É criar um relacionamento com a sua audiência. É ter laços e autoridade com o público em relação ao que se transmite. É ter comentários e compartilhamentos, que acontecem quando o que você quer dizer realmente importa para alguém a ponto de ser reverberado.
Quando vamos para o universo das marcas, não ter engajamento em redes sociais é fazer esforço de comunicação para se ter pouco envolvimento, podendo comprometer a conversão. E conversão é o que vai fazer o ponteiro financeiro balançar positivamente.
Talvez você esteja se questionando: o dono do perfil continua acessando a quantidade de likes? Com essa métrica, ainda teremos as curtidas sendo consideradas por influenciadores e marcas? Pode até ser que sim, mas como quem não é visto não é lembrado, aos poucos esse dado poderá perder valor na plataforma.
Como prova deste novo momento, foi realizada uma pesquisa pela Zeeng (especializada em Big Data e Analytics), a pedido do Jornal do Comércio, com dez perfis de marcas com maior volume de seguidores. Foram comparados os dados de seguidores, volumes de posts, curtidas, interações e engajamento médio no período de uma semana antes (10 a 16 de julho) e outra depois (17 a 23 de julho) da retirada dos likes. Como resultado, a pesquisa mostrou que houve uma redução de cerca de 20% no número de likes nas publicações das marcas e uma queda de 18% no volume de postagens. Entretanto, o engajamento geral aumentou, subindo a média de 0,57%, antes do fim dos likes, para 0,60%, após o fim dos likes. As interações subiram cerca de 12% e houve um crescimento de 90% em comentários nos perfis.
Com dados tão positivos, podemos acreditar que este novo momento será ideal para a construção de valores reais no Instagram. Uma oportunidade para as marcas construírem uma audiência que tenha afinidade com seus propósitos.
Com cada vez menos destaque para o valor dos likes, quem pode se prejudicar são influenciadores digitais que normalmente trocam parcerias com promessa de número de likes.
Além disso, poderá haver dificuldade em identificar os padrões para reconhecimento de novos influenciadores digitais e levar a um maior investimento em publicidade na plataforma (não seria esse também um dos motivos para essa mudança?). O certo é que as marcas e influenciadores precisarão pensar em novas dinâmicas de parceria e criação de conteúdo e em outras formas de medir o sucesso nas redes sociais.
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